""Sabes, mãe, disse ao Guilherme que a avó Ana está nas estrelas, que está ao pé do Jesus. Não sei se esta será a versão correcta, nem tão pouco sei se eu própria acredito nela, mas penso que por agora é a única que a cabecinha dele vai conseguindo compreender!
Tenho tanta pena mãe! Tenho tanta pena que não possas estar aqui bem junto a mim, a brincar com os teus netos e a mostrar-lhes a pessoa maravilhosa que és. És, sim, porque existirás sempre... Não sei se num outro lugar, num outro plano, num outro tempo, mas de certeza para sempre no meu coração.
Tenho tantas saudades, mãe! Tantas, tão profundas e tão doloridas! Sinto tanto a falta de poder conversar contigo, partilhar bons e maus momentos, tristezas e alegrias, ouvir os teus conselhos ou simplesmente o teu silêncio... Às vezes, mesmo passados 4 anos desde que partiste nessa tua viagem sem volta, ainda sinto uma intensa sensação de irrealidade. De que não pode ser verdade. De que é apenas um horrível e longo pesadelo. Depois racionalizo, ando para a frente e passo dias em que nem vos lembro. Talvez possa parecer egoísmo, porém foi a única maneira que encontrei de seguir eu própria a minha viagem, ainda por cá deste lado.
Gostaria de poder fazer-te mil e uma perguntas que ficaram sem resposta mas sobretudo gostaria que pudesses estar aqui a meu lado, a guiar os meus passos.
Este livro, que conta um pouco da história das nossas vidas, pareceu-me a melhor das maneiras de agradecer e de imortalizar as pessoas que me deram a vida e me ajudam, longe ou perto, a continuá-la. E tu és, indubitavelmente, uma delas.
Kanimambo, mãe. Obrigada. Amo-te muito e amar-te-ei para sempre.”"
inKanimambo